Para comemoração desta efeméride dei o meu humilde contributo, aproveitando por desejar mais uma década de sucesso...
http://www.gazetarural.com/index.php/pt/arquivo-de-edicoes/41-arquivo/1803-gazeta-rural-n-252-31-de-julho-de-2015
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Uma mera interpretação de futuro
dos nossos territórios rurais…
A Gazeta Rural que há mais de uma
década anda a semear e a ver crescer o setor agrícola de vital importância nas
suas mais diversificadas áreas, lançou um desafio de discutirmos o seu futuro, coisa
rara nos tempos de hoje. Tenho a clara sensação que andamos, instituições e
entidades, mais a reagir do que a agir numa área cujo planeamento é de vital
importância para virmos a colher os frutos. É óbvio para existem lobbys que privilegiam uns em detrimento
de outros em vez de procurarem sinergias. Ninguém se preocupa em pensar a
estratégia de uma região, embora eu não tenha a veleidade de o fazer, mas teria
imenso prazer em poder contribuir. Esta é uma proposta que me agrada e que
permite discutirmos um futuro sem rede, sem promessas mas com premissas e
objetivos, sabendo que hoje temos mais conhecimento que nunca e uma geração bem
preparada que não digo sem igual para com o respeito dos nossos antepassados e
do nosso legado cultural. A necessidade de aumentar a produção de alimento,
considero que não é uma das prioridades desta região onde nos encontramos
Dão-Lafões e Alto Paiva. Temos que produzir com uma qualidade inexcedível e não
necessariamente aumentar produções por área, mas procurar aumentar e
diversificar a área de produção para zonas hoje pouco produtivas e tornar-nos o
mais sustentáveis e autossuficientes possíveis. O distrito de Viseu, é uma
região ímpar a nível mundial com áreas vitivinícolas de excelência e
diversificadas como o Dão, Lafões, Douro e Távora Varosa. Temos um dos ícones
nacionais o Queijo Serra da Estrela DOP e todos os derivados lácteos, o cabrito
da Gralheira o borreguinho Serra da Estrela, a vitela de Lafões e a raça
Paivota, a truta do Paiva, somos referência nacional na produção biológica de
hortícolas e na produção de infusões, de cogumelos silvestres e de produção e
muito mais. Para além de tudo isto centramo-nos no Centro de uma região e de um
País. Que mais precisamos? Acreditar na nossa produção agrícola diversificada e
fazer acreditar os responsáveis políticos de que é possível assentar uma
estratégia também no setor primário, o pilar base estruturante de qualquer
economia. É absolutamente necessário manter a dispersão dos nossos produtores
pelo território e pelas paisagens beirãs, descritas de forma indelével por
autores consagrados como Aquilino Ribeiro. Temos os registos milenares dos
nossos antepassados, uma riqueza mineralógica e geológica de excelência que são
a matriz dos solos que com “o tempero dos currais” nos podem guindar ao
sucesso. Conheço esta região quase como as palmas das minhas mãos. Só que para
além de tudo isto temos as nossas “Gentes” que tenho encontrado e aprendido a
respeitar nas mais diversificadas áreas e que se incluem nos tais ditos recursos
endógenos destes territórios eufemisticamente apelidados de baixa densidade.
Infelizmente estas ainda não foram devidamente valorizadas e são autênticos
esteios destes territórios que nos permitem fazer a diferença, ontem, hoje como
amanhã. Um último aspeto prende-se com a necessidade de fazer voltar o ensino
superior e profissional para esta área vital da economia, a agricultura, mas
também para o setor agro-alimentar e da nutrição que são quem na verdade podem
potenciar e valorizar toda uma produção agrícola nas suas mais variadas
vertentes. Não tenhamos vergonha de abraçar este desafio. Mais que uma
obrigação é um desígnio de futuro para esta região. Este é um pequeno
contributo de alguém que pensa um território e que apesar das várias desilusões
continua a acreditar no futuro. Mas atenção enquanto andamos distraídos a
corrigir rotas outros seguem os seus trilhos num passo incessante e ganham
claramente a dianteira. Façamos um esforço coletivo em prol de um território,
dos recursos endógenos e das suas gentes. Um enorme Bem-Haja à Gazeta Rural
pelo papel insubstituível que tem feito em prol da agricultura não apenas na
região como no País. Desejo mais uma década de sucesso…pelo menos!