CYNATURA: O CARDO COMO MODELO PARA UMA ESTRATÉGIA DE VALORIZAÇÃO
INTEGRADA
Paulo Barracosa1,2,
Manuela Antunes1, Rui Coutinho1,2, António Pinto1,2
1Escola Superior Agrária de Viseu - Instituto Politécnico
de Viseu;
2CI&DETS
– Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde, 3504-510 Viseu,
Resumo
O desafio é
desenvolver uma cultura de futuro, sustentável, de base agronómica, assente em
diversos domínios do conhecimento e respeitando os valores e interesses de uma
instituição politécnica como um todo, numa região de interior com potencial
empreendedor e inovador.
O cardo (Cynara cardunculus L.), fruto de uma
estratégia de evolução natural em paralelo com a domesticação e o melhoramento,
revela uma natureza altamente heterozigótica, traduzida numa extensa
diversidade fenotípica e genotípica.
Em
Portugal, como na região do Queijo Serra da Estrela, o cultivo do cardo é
praticamente inexistente sendo a principal e quase exclusiva vocação a
utilização das suas flores como coalho vegetal em queijos com Denominação de
Origem Protegida (DOP). Atualmente regista-se uma tendência mundial crescente
para a produção e consumo de queijo, privilegiando-se a utilização de coalhos
de proveniência vegetal em detrimento de outros de origem animal ou biotecnológica.
O projeto
Cynatura, desenvolve e cria soluções inovadoras com assinatura no cardo, através
do conhecimento técnico-científico multidisciplinar numa espécie com vocações e
aplicações múltiplas que, ao promover a valorização nutricional e alimentar, a
saúde e bem-estar, a sustentabilidade ambiental e a integração social pode afirmar-se
como uma cultura de futuro para muitas das regiões do nosso território. Este projeto
procura estimular o desenvolvimento de conhecimento científico aplicado entre
departamentos e unidades orgânicas do IPV e entre politécnicos, para além de
outras instituições referência a nível mundial.
Neste caso,
como em muitos outros exemplos, é a produção agrícola que suporta toda a
pirâmide de valorização da produção e transformação. Produzir com uma qualidade
diferenciada de forma eficiente e sustentável perspetivando as alterações
climáticas são requisitos obrigatórios para o sucesso na agricultura. Para concretizarmos
este desígnio temos que produzir com menos recursos e meios, ter menos
desperdícios e retirar mais dividendos económicos pela aplicação especializada
dos mais diversos compostos bioativos existentes nos diversos componentes da
biomassa vegetal designadamente na raiz, caule, folha, capitulo, flor e semente.
A seleção, caracterização e melhoramento dos recursos genéticos permitem a criação
das melhores características para a planta tendo como objetivo as suas vocações
mais específicas.
A flor
assume-se como a força motriz do projeto, com um potencial de rentabilidade
produtivo e económico, pela padronização da qualidade e especialização,
procurando uma maior valorização para todos produtos onde conste como
matéria-prima nas indústrias agroalimentar, cosmética e farmacêutica. Outras, aplicações
estão a ser desenvolvidas aproveitando a diversidade morfológica e fitoquímica,
aliadas a uma elevada resistência e adaptação a diversos tipos de stresse,
usando a multidisciplinaridade e a capacidade técnico-científica instalada nas
várias instituições envolvidas. Para além da sua capacidade intrínseca, o cardo
é uma espécie que pode valorizar outras culturas, seja na produção
especializada de cogumelos com propriedades exclusivas, seja na ação biocida e
proteção de outras culturas que permitem o desenvolvimento de novos produtos e
conceitos agroalimentares saudáveis, exclusivos e inovadores, nutricionalmente
mais evoluídos, num processo produtivo que respeita a preservação e valorização
do ambiente.
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