domingo, 19 de novembro de 2017

CYN.STRESS em ELVAS

CYN.STRESS: Estabelecimento de um ensaio para avaliar a influência do stresse hídrico nos perfis bioquímicos das cardosinas em cardo (Cynara cardunculus L.)



Paulo Barracosa1,2, Isabel Cardoso1, António Pinto1,2, Francisco Marques1,2, Pedro Rodrigues1,2
1Escola Superior Agrária de Viseu - Instituto Politécnico de Viseu;
 2CI&DETS – Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde, 3504-510 Viseu,


O cardo (Cynara cardunculus L.) é uma espécie preferencialmente de polinização cruzada com maturação sexual assíncrona e protândrica com elevada heterozigocidade. O cardo selvagem [var. sylvestris (Lamk) Fiori] tem sido reconhecido como ancestral da alcachofra [var. sativa Moris, var. scolymus (L.), ssp. scolymus (L.) Hegi] e do cardo cultivado (var. altilis DC).
O cardo pode ser considerado um recurso endógeno na região da Serra da Estrela, pela necessidade obrigatória da utilização da sua flor na produção do Queijo Serra da Estrela DOP, conforme consta no atual caderno de especificações. Em Portugal, o cultivo do cardo é praticamente inexistente, embora apresente um vasto potencial de crescimento pela multifuncionalidade e versatilidade da planta.
Nos últimos cinco anos, temos vindo a identificar e caraterizar a biodiversidade do cardo na região da Serra da Estrela selecionando um conjunto de genótipos pelas caraterísticas morfológicas e bioquímicas ao nível da composição e concentração de cardosinas na flor de cardo.
O projeto Cyn.stress pretende avaliar o efeito do stresse hídrico em plantas de genótipos selecionados que apresentam morfologias e perfis bioquímicos de cardosinas exclusivos. Estas plantas estão sujeitas a diferentes regimes hídricos para avaliarmos a resposta das plantas ao nível das caraterísticas morfológicas, bioquímicas e moleculares ao longo de dois anos.
A avaliação da resposta ao défice hídrico de cada genótipo é efetuada em 10 plantas instaladas ao ar livre, envasadas em contentores com 1 m3 de solo e condições de fertilidade similares. Cada planta foi obtida por propagação vegetativa a partir de plantas mãe para garantirmos material vegetativo geneticamente similar. Após o primeiro ano de estabelecimento das plantas, em cada genótipo 5 plantas são mantidas em condições de conforto hídrico (modalidade FI) e 5 em condições de défice hídrico controlado (modalidade RDI). O regime hídrico será assegurado através da metodologia de condução e programação da rega. Realizaram-se análises de terra no início da instalação que são repetidas no final de cada ciclo vegetativo.
Ao longo do crescimento vegetativo da planta são monitorizados e caracterizados um conjunto de trinta descritores morfológicos da planta, folha, capítulo, flores e sementes. Em termos médios, no primeiro ano após instalação, as plantas possuem um caule, com uma altura de 88 cm, um diâmetro na base de 21,7 mm e de 11,3 mm no topo. Apresentam 12 capítulos com um comprimento de 64,8 mm e um diâmetro de 68,1 mm. As folhas com um comprimento de 79,7 cm e uma largura de 40,6 cm revelaram um peso de 90 g.
As flores colhidas são usadas para a determinação da concentração e composição do perfil de cardosinas, individualmente, em cada uma das plantas dos diferentes genótipos, comparando com as recolhidas nas plantas-mãe. No futuro, serão ainda avaliados nas flores os níveis de expressão de cardosinas nos transcritos de RNA, em diferentes tecidos da flor e durante o período de crescimento da flor. Os resultados obtidos neste estudo permitem avaliar de uma forma precisa o efeito da dotação hídrica na produção total e parcial de biomassa e a influência na composição bioquímica das flores.

Agradecimentos: Os autores agradecem ao CI&DETS – Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde e à Caixa Geral de Depósitos pelo apoio financeiro para a realização do projeto PROJ/CI&DETS/CGD/0001.



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