Ontem fomos assistir, enquanto
turma da UC de Genética, a um workshop sob bioeconomia, onde cada uma das instituições
presentes foram mostrar aquilo que fazem, neste domínio, acentuando o “fosso”
com aquilo que assumo não fazemos enquanto Instituição. Resolvi levar os meus
alunos, que têm mais que fazer até nas aulas, porque tinha a ideia que iríamos
ver exemplos concretos e não apenas modelos teóricos que, apesar de tudo, funcionam,
uns claramente melhor que outros. A Isabel Ferreira do CIMO mostrou um modelo com
imenso mérito que podíamos ter seguido, mas que é preciso estar tudo a puxar
para o mesmo lado e estarmos de “mãos dadas” com a estratégia política regional
e Nacional, o que não tem sido o caso e que não pareça vir acontecer nos tempos
mais próximos.
Na primeira mesa redonda ainda se
falou um pouco de ideias para mostrar o conceito eco-design. O Pedro Pinhão, CEO
da Tosca, não esteve com "meias palavras" e disse muito objectivamente umas coisas e outras subjectivamente, onde ficamos a perceber que ele sabe muito mais do que o que diz, o que é natural. Habituamo-nos a ouvi-lo como a voz da recuperação de
Oliveira de Frades na mobilização pós-incêndio com uma vontade, uma capacidade
e um querer excepcionais. Obviamente que teria sido preferível a ele e a nós, enquanto
País, não termos que fazer este esforço hercúleo de voltar a reerguer de novo. Mas
para isso a mentalidade tinha que ser outra em relação à prevenção, como faz a
Movecho que é um exemplo que tenho a felicidade de conhecer. Fica o sentir que
as desgraças podem tornar-nos mais fortes, mas esta era claramente dispensável.
O Pedro Pinhão, que diria pelo nome tinha que trabalhar em madeira, falou muito
acertadamente sobre a diversidade das características das madeiras nos diferentes
ecossistemas florestais que existem no mundo e que permitem fazer os
Stradivarius bem como outros elementos de exceção, muitas vezes fruto de um crescimento muito lento, ou de uma humidade reduzida. E nós não conhecemos em
pormenor a valorização que podemos dar às diferentes localizações das distintas espécies florestais que temos em Portugal, embora se saiba a diferença entre o eucalipto de
Monchique e o das Beiras.
Mas falando dos exemplos que
foram apresentados pelo designer João do IPV como eco-design, destaco os exemplos do Studio
Nucleo (http://nucleo.to/) e de Maurigio Montalti (https://www.micropia.nl/en/discover/stories/fungal-future/). Para criarmos exemplos de sucessos nesta área temos
muito a aprender na forma como interpretamos a natureza, que uns dizem ser
lenta, apesar de eficaz. Mas se pensarmos na rapidez de crescimento do micélio,
do bambú e do cardo, confirmamos que a natureza pode crescer rapidamente mas para
isso é preciso sabermos decifrar e compreender estruturas e arquitecturas das
plantas, e estamos apenas a falar de algumas plantas.
O exemplo da poltrona em modelação
de solo (Studio Nucleo) em conjugação com o projecto ArtisMicropia de Maurigio Montalti permitem
perceber a vantagem e a possibilidade de podermos criar multifuncionalidades
juntando em sinergia conceitos. Uma incubadora de cogumelos para além de um
lugar de repouso e contemplação, desfasando funcionalidades no tempo mas
adequando ao próprio evoluir do tempo e dos seus condicionalismos.
Mas a melhor ideia conceptual
deu-nos o Mário Jorge em off sobre a forma como poderemos criar uma alternativa
natural à rolha de cortiça que privilegiamos mas que tem algumas condicionantes.
Todos sabemos como são produzidas hoje as garrafas de plásticos nos locais de
engarrafamento. Façamos o mesmo com as rolhas! O Mário Jorge falará na próxima
aula e nós discutiremos todos em conjunto o conceito que pretendemos levar à
prática. Os meus alunos e eu temos muito a aprender com as discussões que
fazemos nas aulas e não pode perder oportunidade de aprender efectivamente nas
aulas. Por isso seremos mais criteriosos quando levamos os nossos alunos a
algum workshop, congressos, ainda que sejamos convidados!
Ainda não tive uma aula que
pudesse juntar toda a multifuncionalidade dos alunos, apesar de as aulas serem
muito concorridas. Quando tiverem todos presentes eu posso sair de cena e eles podem
discutir as ideias entre si, porque têm densidade para isso...Eu fico a assistir para ver se aprendo alguma coisa!
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