Vem este texto a propósito dos já famosos mostajos tendo-me baseado na «condição Humana» e nos «trilhos serranos» para a compilação desta crónica.
«Aquilino Ribeiro a quem um dia, em Lisboa, ele perguntou: «ó amigos, sabem o que são mostajos, o que são pútegas?». Aquilino estava seguro de que eles não sabiam. Que eles nunca tinham chupado as suas tetinas, que nunca as tinham espremido e, com o seu conteúdo, feito queijinhos numa caixa de fósforos vazia. Isso era para serranos, para todas as crianças de escola, pastorinhos-escolares que com isso se entretinham quando elas, pela Primavera, vinham ao mundo. Ele estava seguro disso. E eu estou seguro de que bem andariam os intelectuais da nossa praça em perguntar-se se, no respeito pelo espírito que perpassa as obras do escritor que se considerava «inteiriço como um bárbaro», o melhor lugar para o seu repouso eterno é um templo-túmulo cristão a cheirar a incenso no silêncio da santidade, ou um túmulo-templo pagão a cheirar a rosmaninho e a ouvir o coaxar das rãs, o assobio do melro, o grasnar do gaio, o cantar da cotovia, o uivo dos lobos».
«Aquilino Ribeiro a quem um dia, em Lisboa, ele perguntou: «ó amigos, sabem o que são mostajos, o que são pútegas?». Aquilino estava seguro de que eles não sabiam. Que eles nunca tinham chupado as suas tetinas, que nunca as tinham espremido e, com o seu conteúdo, feito queijinhos numa caixa de fósforos vazia. Isso era para serranos, para todas as crianças de escola, pastorinhos-escolares que com isso se entretinham quando elas, pela Primavera, vinham ao mundo. Ele estava seguro disso. E eu estou seguro de que bem andariam os intelectuais da nossa praça em perguntar-se se, no respeito pelo espírito que perpassa as obras do escritor que se considerava «inteiriço como um bárbaro», o melhor lugar para o seu repouso eterno é um templo-túmulo cristão a cheirar a incenso no silêncio da santidade, ou um túmulo-templo pagão a cheirar a rosmaninho e a ouvir o coaxar das rãs, o assobio do melro, o grasnar do gaio, o cantar da cotovia, o uivo dos lobos».
As pútegas (Cytinus hypocistis), da família das raflesiáceas, parasitas das estevas (Cistus sp.), plantas que invariavelmente enchem a paisagem mental da infância de muitos de nós, que não da minha, mas que considero um primor das Terras do Demo, sendo uma iguaria gourmet que tanto cultivo para serem provadas in loco, em actividades científico culturais. Vivem a maior parte do tempo enterradas, aflorando, junto às raízes das estevas de que se alimentam, apenas para florescer. As folhas, carnudas , são comestíveis, mas era o néctar doce das flores que punha as crianças à sua procura. Para muitos era frequente ir às pútegas. E imagino os risos da piada fácil. As plantas parasíticas do meu universo são outras (Cistanche phelypaea), não da esteva mas, do sapal da Ria formosa, nunca me tendo passado pela cabeça chupar as tetinas, farei no Verão se ainda lá estiverem e depois relatarei a sensação.
Apanhei uma e provei, não é nada de mais.
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