A estrada despretensiosa que nos leva a Terras do Demo foi de terra lavrada pelas águas de Inverno. É contudo um fruto da modernidade comparada com os carreiros e rodeiras desenhados no monte, chão outrora bem batido pelos passos castrejos e carros de bois. À "troula" e carregados com merenda percorriam-se, nalguns locais, autênticos trilhos para chegar ao local da festa onde o Senhor da Boa Sorte é homenageado. Vivências da experiência peregrina onde não, não se sentia a força dum sacrifício nessa jornada, pelo contrário, era o gosto simples de passar um dia num local cuja geografia e natureza são singulares. Acrescia a vantagem de no dia da festa não faltar convívio e música.
Se há recantos que convidam naturalmente à contemplação e meditação, que detém um véu de mistério e uma capa de protecção, Vila Nova de Paiva é um deles.
Mesmo sem festa, este é território familiar e amigo, ao qual se volta sempre que apetece e onde levamos os que acarinhamos, quantas vezes em forma de dádiva, partilha, que só os mais sensíveis podem compreender…
Tive também a fortuna de subir ao Torrão algumas vezes (esse marco imponente do relevo castrejo) e sentir-me no alto dum firme pedestal a observar sem medo, mas com respeito, a capelinha à escala da formiga, o velho castanheiro à escala dum carrasquinho recém-nascido e os lugares à minha volta humildemente espalhados.
Que perene reino de granito nos envolve... lembra-me a fragilidade da minha matéria e o inevitável moldar da minha forma de ser.
Muitas vezes me sento à beira da fonte velha, olhando ainda o fraguedo que devolve o eco da festa ou o piar da águia e do "gabilan", colho nas mãos a redenção da minha sede e na memória os fragmentos daqueles com quem vivi este "meu" lugar.
Quanto tempo e quanto espaço posso ainda esconder nesta corga e nestas tocas, nas frinchas e nos côtos das fragas destas ricas Terras do Demo.
Em caminhos antigos e rudes, essas passagens centenárias de vidas transpiradas, peregrino em silêncio e converso sozinha... Em lugar nenhum como no meu chão me religo à essência dialogante, essa que habita em tudo o que me rodeia, dá lucidez e força para chegarmos talvez quase lá... É nos lugares mais esquecidos mas com símbolos tão profundos, que sinto mais próximo o pulsar da vida, do ser e da terra que acolhe gentes com vontade de acreditar.
Em silêncio agradeço e em silêncio apaziguo os medos que o viver traz.
Se há recantos que convidam naturalmente à contemplação e meditação, que detém um véu de mistério e uma capa de protecção, Vila Nova de Paiva é um deles.
Mesmo sem festa, este é território familiar e amigo, ao qual se volta sempre que apetece e onde levamos os que acarinhamos, quantas vezes em forma de dádiva, partilha, que só os mais sensíveis podem compreender…
Tive também a fortuna de subir ao Torrão algumas vezes (esse marco imponente do relevo castrejo) e sentir-me no alto dum firme pedestal a observar sem medo, mas com respeito, a capelinha à escala da formiga, o velho castanheiro à escala dum carrasquinho recém-nascido e os lugares à minha volta humildemente espalhados.
Que perene reino de granito nos envolve... lembra-me a fragilidade da minha matéria e o inevitável moldar da minha forma de ser.
Muitas vezes me sento à beira da fonte velha, olhando ainda o fraguedo que devolve o eco da festa ou o piar da águia e do "gabilan", colho nas mãos a redenção da minha sede e na memória os fragmentos daqueles com quem vivi este "meu" lugar.
Quanto tempo e quanto espaço posso ainda esconder nesta corga e nestas tocas, nas frinchas e nos côtos das fragas destas ricas Terras do Demo.
Em caminhos antigos e rudes, essas passagens centenárias de vidas transpiradas, peregrino em silêncio e converso sozinha... Em lugar nenhum como no meu chão me religo à essência dialogante, essa que habita em tudo o que me rodeia, dá lucidez e força para chegarmos talvez quase lá... É nos lugares mais esquecidos mas com símbolos tão profundos, que sinto mais próximo o pulsar da vida, do ser e da terra que acolhe gentes com vontade de acreditar.
Em silêncio agradeço e em silêncio apaziguo os medos que o viver traz.
Amanhã pode ser tarde demais…
Uma linda imagem destas "Terras do Demo", obrigada!!!!
ResponderEliminarOndina Pires