quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Investigadores do Politécnico de Viseu usam cardo para criar móveis mais leves



Com o cardo, os investigadores conseguiram criar um material mais leve e também fácil de fazer, quase como se fosse “um bolo que se leva ao forno”. Móveis foram expostos nas feiras de design de Milão e Londres.
O cardo, cuja flor é usada no fabrico do queijo, foi aproveitado por investigadores do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) para a criação de móveis mais leves, que foram levados às feiras de design e mobiliário de Milão e de Londres.
No âmbito do projecto Lightwood — Compósitos de madeira e poliuretano inovadores, um grupo de investigadores desenvolveu uma nova tecnologia de compósitos de madeira, que foi recentemente patenteada e combina partículas de madeira e cardo com espuma de poliuretano.
“Andávamos a tentar desenvolver um produto que fosse leve, para permitir aos designers fazerem móveis de madeira que competissem com os plásticos”, explicou à agência Lusa Jorge Martins, um dos membros do projecto e docente do Departamento de Engenharia de Madeiras do IPV.
Ao ouvirem o professor da Escola Superior Agrária de Viseu Paulo Barracosa falar da planta do cardo (Cynara cardunculus), os membros do projecto aperceberam-se “da quantidade de resíduos, que parecem quase madeira, que sobrava das plantações”, depois de ser retirada a flor necessária para o queijo.
 “O arbusto tem dois metros de altura e só se aproveitam três ou quatro centímetros que estão lá em cima para fazer o queijo, o resto que está para baixo não vale para nada. Achámos que era boa ideia experimentar”, contou Jorge Martins. Segundo o docente, uma das preocupações do departamento é, precisamente, “tentar arranjar utilizações de valor acrescentado para produtos da floresta que não têm valor”. “A nossa ideia é pegar em materiais que as pessoas acham que já não valem nada e provar que podem ser usados como produto. Se houver mercado, alguém os há-de apanhar.”
Com o cardo, os investigadores conseguiram criar um material mais leve e também fácil de fazer, quase como se fosse “um bolo que se leva ao forno”, acrescentou.
Jorge Martins contou que a ideia inicial era o material ser apenas “um complemento para as indústrias do queijo”, mas “os designers acharam que tinha potencialidades do ponto de vista estético”. Estes desenharam peças de mobiliário que foram levadas para Milão e Londres, nomeadamente bancos, um móvel para guardar queijos, outro para ser usado nas queijarias na parte da maturação do queijo e um carrinho de transporte de sobremesas. “Tivemos vários convites para levar a ideia a outras feiras, só que o nosso projecto só previa duas idas”, afirmou.

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