domingo, 11 de abril de 2010

ALBARDAR e não ALDRABAR


As viagens de automóvel para o Algarve que faço a miúde aproveito para passar o filme de muitas das situações em que estou a trabalhar, pensar em novas ideias e soluções para fazer face aos problemas com que nos debatemos nas questões do dia a dia. E vamos intercalando esses momentos com imagens que vamos colhendo ao longo dos kms passados. Da que fiz hoje, lembro-me de um grupo desportivo pelo qual passei que se apelidava Ligadura (um bom nome para substituir o nome de liga dos últimos). Do Alentejo com um cenário fabuloso dos matizes de cores onde predomina o amarelo pontilhado pelo violeta. O que é pena são os esqueletos dos sobreiros (a propósito estão em curso o projecto de sequenciação do genoma do sobreiro no BIOCANT sob a coordenação da amiga Conceição Egas e pode abrir portas para a resolução deste caos, por onde já andou o Prof. Alfredo Cravador que foi meu orientador). As cores das plantas do cenário Alentejano entrecruzam-se com a sua evolução (os alunos de genética podiam ter usado este tema para o primeiro trabalho, tal como poderiam ter feito a relação das formas com a evolução). Por exemplo no quarto em que dormi a estrutura de madeira do telhado apresentava uma semelhança extrema com a nervação peninérvea das folhas (ex: castanheiro). É a estrutura que melhor faz percorrer a seiva pelas folhas mas também a que confere mais resistência física à própria estrutura da folha. Esta física também era preciso transmitir aos nossos alunos para que de uma forma intuitiva possam perceber a importância de saber a matemática e a física quando aplicada, seja nos materiais e estruturas, seja nos organismos vivos. Bom, mas também vi um acidente grave na A1 acabado de ocorrer e o desespero das pessoas e nestes momento saimos temporarimente do Transe em que viajamos. Bom, passados uns minutos lá voltamos à busca de soluções para o projecto que trazemos em mente do Algarve e que temos de dar resposta ao facto do Algarve daqui a poucos anos ser um dos maiores produtores mundiais de alfarroba triplicando a sua produção e ultrapassar a Espanha que está em claro declínio e que permitirá o Algarve ser um distrito carbono zero e mais forte do ponto de vista ecológico, paisagístico e económico e quiçá um grande produtor de biodiesel (finalmente o petróleo verde). Vamos dar uma mãozinha, tanto mais que o Algarve beneficiará em contratar um Centro de Investigação fora do seu território, pois deixou de ser uma zona desfavorecida. Temos que conhecer bem as regras com que se gerem estes fundos e adequar as estratégias. Em bom Português diz-se «albardar o burro à vontade do dono!» Eu disse albardar e não aldabrar.

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