domingo, 27 de agosto de 2017

O abate de árvores no Parque Aquilino Ribeiro deriva de um plano ou de uma resposta...

O exemplar arbóreo Populus alba  que foi abatido junto a uma das entradas do parque foi avaliado pela primeira vez em 16/07/2004 por uma aluna de Eng. Florestal da ESAV, Cátia Ribeiro, coordenada por mim e pelo Francisco Coimbra da empresa Árvores e Pessoas,  tendo já nessa altura sido sugerido o seu abate pelo avançado estado de degradação que apresentava e porque não constituía nenhuma mais valia paisagística ou cultural para o parque mas apenas um foco de disseminação do fungo para as restantes árvores, colocando em perigo num momento imediato as infra-estruturas adjacentes e os transeuntes e a médio prazo todo o coberto arbóreo deste parque. Este exemplar, tal como quase todos os choupos brancos em alinhamento junto ao muro do parque, estava cravejado com fungos lenhívoros (Ganoderma aplanatum). Ganoderma aplanatum como o Fomes fomentarius são considerados fungos invasivos que promovem o decaimento especialmente em árvores que apresentem já algum tipo de declínio. Neste sentido o aparecimento de carpóforos desta espécie constitui um indicador de algum grau de debilidade dos exemplares, sendo obrigatório realizar um diagnóstico e propor um plano de monitorização.
Em agosto de 2017, passados 13 anos a edilidade decidiu pelo seu abate. Dir-se-á que a avaliação terá sido mal realizada na altura, uma vez que ela não caiu durante todos estes anos. Contudo, foi disseminando um fungo que alastra pelo Parque e que hoje se encontra em muitos outros exemplares e que poderá ter sido uma das causas das podridões do fatídico Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) que roubou a vinda a tantas pessoas no Funchal. Os técnicos não adivinham se uma árvore que apresente algumas debilidades dura 1 mês, 1 ano ou 10 anos, mas há situações quer merecem a máxima prudência e este era um deles. Contudo, felizmente que nada aconteceu e tratava-se de um exemplar que caso caísse não provocaria graves danos materiais porque a sua madeira é de baixa densidade.
Todos temos muito que aprender, políticos, técnicos e população em geral, sobre a forma como avaliamos os sinais emitidos pelas árvores. Cada um de nós terá que fazer o papel de guardião do património arbóreo de Viseu, porque não podemos ter um técnico para cada árvore. Já tenho referido que um dos momentos no qual mais aprendemos é quando as árvores caem ou são abatidas. Mais uma vez procederam a um abate, mas nada disseram. Por ventura, nada teriam que dizer, porque daqui em diante decido o que devo fazer no que concerne a esta temática.










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