sábado, 6 de junho de 2020

Uma estratégia vinda "Expressamente" de Gondomar....Parques, Parcos & Porquês....



 
O Amadeu Araújo, esta semana no Expresso, deu nota do excelente exemplo de Gondomar como um Município que aposta estrategicamente no tom de verde em vez do cinzento. Esta noticia vem numa altura particularmente sensível em que se fala na necessidade de recuperar a economia, mas também na sustentabilidade e na preservação do ambiente. Esta noticia fez-me lembrar o Major Valentim Loureiro a gritar pelo Guterres....emendando a mão para Gondomar, Gondomar! Ora aqui está uma estratégia que o major "Valentão" nunca seria capaz de apostar....Muitos Parabéns!


Aqui fica a ideia por completo....

"Parques, Parcos & Porquês…

Este é um tempo novo ao qual nos podemos e devemos adequar por obrigação, mas também naturalmente por opção. É um tempo de olharmos em proximidade, não por piedade, mas por inteligência estratégica. Não numa lógica de simples retrocesso, com base “no que era antes é que era bom” mas num desafio de futuro. É um tempo de coesão e não de desunião, em prol da definição de uma estratégia que alimente o futuro. É um tempo de critério e não um tempo de vale tudo. Pretendemos, acima de tudo, que na avaliação final estejamos convictos que ganhamos no conjunto, independentemente dos novos equilíbrios que se venham a estabelecer, no ambiente, na economia e na coesão social e territorial. Temos sentido uma vontade inata de podermos ajudar aqueles que estão mais perto, e com um sentimento emocional acrescido de entreajuda, muito em particular, às pessoas e estruturas associadas direta ou indiretamente com a agricultura que nos alimenta o corpo e a esperança. Seja nas estruturas com génese numa agricultura familiar, sejam em relação às queijarias de cada uma das regiões de Denominação de Origem Protegida ou produtores ligados ao setor do vinho, bem como a todos os demais setores com relevância nas diversas regiões. Por isso, adquirimos produtos para consumo próprio e para dar a provar aos amigos. Até porque muitos dos produtos de qualidade excecional das nossas redondezas, muitas vezes não chegavam à nossa mesa, pelo menos com a frequência que gostaríamos, porque estavam destinados para outros. Procuremos ser os melhores embaixadores destes territórios e das suas gentes, seja do Queijo Serra da Estrela, do vinho do Dão, dos enchidos da Beira Alta onde se incluem pérolas como as “urtigueiras”, sejam das simples iguarias agrícolas que ajudam a preservar e valorizar as variedades tradicionais. Saibamos ver os excelentes exemplos que já existiam como o da Câmara de Fornos de Algodres, através de uma plataforma de comercialização, amenizando custos aos consumidores e produtores, acima de tudo pelo ganho de escala e otimização de recursos. Também na área do Ambiente existem grandes desafios e oportunidades. Porventura, agora poderá ser o momento de aproveitarmos e valorizarmos os parques e praias fluviais que foram criadas nos territórios de interior, e que ajudam a promover o bem-estar físico e psíquico em distância social em detrimento das “romarias” para os centros comerciais” ou para as praias. Talvez recuperemos os hábitos saudáveis de “pic-nicar” em família ou com amigos com as tais iguarias regionais, alindadas com primores, nossos, feitos de forma mais tradicional em fornos de lenha ou de forma mais facilitada na “bimby”. As cidades e vilas do interior, talvez possam deixar de copiar tantos os grandes centros e criar infraestruturas, com maior identidade, radicadas num historial de gerações que viu e fez crescer tamanhas tradições. Criar rotas culturais de descoberta, onde para além das paisagens, e das iguarias gastronómicas, tenhamos contacto com as gentes que estoicamente se têm mantidos nesses territórios e que, por isso mesmo, por vezes possam parecer um pouco “rudes” no primeiro contacto, mas que ganhado a sua confiança se tornam amigos desde o princípio. No passado, os nossos “inimigos” vinham por terra e estas gentes eram aqueles que primeiro davam alerta, o “corpo às balas” e que nos defendiam. Estas estratégias de promoção territorial devem ser delineadas ao nível supramunicipal para que possam ser integradas, e promovidas conjuntamente e de forma mais eficaz. Mas sabemos que poucos são os casos de sucesso nesta promoção conjunta. Talvez o Turismo do Centro, seja aquele que melhor traduz o espírito de complementaridade e possa ser uma boa bandeira para este novo desígnio. Ao nível municipal não esperemos que os políticos de ontem, hajam hoje de uma forma distinta. Aqueles que nunca usaram a identidades dos seus territórios e das suas gentes na promoção não o irão passar a fazer como que por ilusionismo. Os outros que se reconhecem nas suas gentes, poderão ser agora ouvidos de uma forma mais coerente e consequente. Esses, muito provavelmente, delineiam e projetam parques urbanos recorrendo à massa crítica da região, preservando a memória dos espaços, muitas vezes patente no património arbóreo que vai resistindo estoicamente às agruras do tempo e aos “humores” políticos. Os políticos, de um modo geral, salvo raríssimas exceções têm tido uma relação pouco amistosa com as árvores e muito em particular na forma como estas se articulam com projetos de requalificação urbana. A árvore, é normalmente um elemento de inspiração para escritores e artistas, mas constitui-se um óbice para a grande maioria dos autarcas. As que valiam a pena demoram muito tempo a crescer, e os méritos perdem-se no tempo, e depois não sabemos enquadrar devidamente o edificável com o natural, respeitando os momentos e as “idiossincrasias” de cada elemento arquitetónico e de cada espécie arbórea. Por isso, procuram-se fazer “eiras” nas praças do município em detrimento de se aproveitar as árvores que possam ter crescido naturalmente em alguns espaços e adotar essas árvores na lógica que se pretende para um parque urbano. Este desenho é possível fazer quando o projetista tem carta branca do promotor o que na grande maioria dos casos só é possível realizar com entidades privadas. Sabemos que a retoma vai basear-se muito em obras públicas, e que as quantias gastam é que contam, mais do que os objetivos que se pretendem com a obra. Por isso, quanto maiores os orçamentos melhor, quando na prática podemos, com os mesmos meios, multiplicar as realizações através de uma boa planificação e critérios rigorosos e amplamente discutidos com aqueles a que se destinam em primeiro lugar, os munícipes! Nesta fase de contração da produção parece estarmos a assistir a alguma recuperação ambiental que será importante monitorizar para percebermos se há algum novo equilíbrio que possamos encontrar para prolongarmos os recursos naturais aumentando a qualidade de vida de uma forma económica e ambientalmente sustentável. Nesse sentido temos vindo a desenvolver programas de base ecológica que ajudem a reforçar identidades de território como é o caso da preservação e valorização do rio dão. Os municípios e organizações, muitas vezes, por inépcia e ausência de visão estratégica, têm dificuldade em conseguirem retirar dividendos promocionais que se possam traduzir em valorizações económicas em programas desta natureza. Este pode ser o momento para com base em ações de voluntariado e programas bem delineados possam fazer crescer um sentimento de promoção ambiental. Saibamos agarrar a oportunidade! Este ano o mês de abril fez jus ao ditado popular “Abril, águas mil”, não sabemos se por mera casualidade da estatística climática ou como consequência de toda esta contração mundial. Por isso sido particularmente favorável à produção de biomassa que nos lança grandes desafios para podermos limitar a deflagração de incêndios rurais. Tal como na saúde na qual temos a sensação que todas as outras patologias desapareceram, também a limpeza das nossas florestas e das aldeias ficaram adiadas e acredito muito sinceramente que vamos precisar da ajuda divina para não assistirmos a novas tragédias. Hoje, estamos num tempo de enorme desconfiança de uns para com os outros e de grande escrutínio das verbas públicas que se irão usar, por necessidade imperiosa! Contudo, não nos deixemos contagiar por este sentimento evitando que se possa alastrar por incúria dos nossos políticos na tomada de decisão do nosso futuro estratégico seja na economia, ambiente ou coesão social e territorial."


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