domingo, 25 de julho de 2021

Condomínios de Luxo...pela autenticidade

 


O jornalista Amadeu Araújo faz o favor de, pontualmente, no âmbito dos artigos que escreve no caderno de Economia do Expresso solicitar opinião sobre temas que estejam relacionados com o desenvolvimento do território rural. O desta semana tem a ver com os condomínios de aldeia. Estes projetos podem vir a ser de extraordinária importância mas para isso têm que ser muito bem concebidos e implementados. O desafio é implementar, porque "falar bem e bonito" é fácil, o difícil é levar a cabo na realidade. Mas haja a oportunidade! Eu dei o exemplo de Querença, ao qual estive, indiretamente, ligado e fui visitar na vertente de consultor e gerador de ideias para os candidatos e na vertente da dinamização política através de contactos com o Vice-Presidente da Câmara de Loulé, o meu Amigo José Graça, onde pude perceber algumas limitações para ter sucesso na implementação. Procurei durante anos dinamizar nas Terras do Demo um projeto similar. Não tive arte nem engenho político para o fazer. Apenas o Presidente de Moimenta da Beira mostrou sensibilidade e apetência para avançar. Mas na minha opinião era preciso convencer, Vila Nova de Paiva, Sernancelhe, Sátão e Viseu para fazer um contínuo e ganhar escala. A seleção dos candidatos é uma das tarefas fundamentais, assim como a atribuição de bolsas ou estágios profissionais para a autonomização dos candidatos aliada a uma responsabilização. A escolha das Aldeias modelo é outro dos elementos cruciais. A escolha da Aldeia pode determinar em larga medida a escolha dos candidatos. Mas diria que as áreas genéricas são Agronomia, Alimentar e Nutrição, Florestal, Arquitetura Paisagista, Biotecnologia, Filosofia e Sociologia, Novas Tecnologias da Informação, Geografia, Linguística, artes ... de diferentes proveniências geográficas nacionais e internacionais. Acrescentar que os cursos técnicos profissionais, vulgos CETs são de vital importância. Encontrar tutores científicos e técnicos, privilegiando aqueles com relação sentimental e afinidade ao território. Caracterizar muito bem esse território sob as mais diversas vertentes, mas esta base, na maioria dos casos está já estabelecida de grosso modo. Depois existem a particularidades e especificidades que podem fazer toda a diferença para a definição de uma identidade. Tenho ditado algumas ideias para a região raiana de Almeida e uma das mais simples mas acredito das mais bem sucedidas será fazer um encontro dos "Almeidas" por apelido ou afinidade sentimental e isso ajudaria e ajudará, porque a dinâmica foi instituída, a criar muitas sinergias e projetos com raízes fortes se devidamente coordenadas. Por exemplo alguns dos maiores astrónomos amadores Portugueses têm o apelido de Almeida e isso acredito que criará a oportunidade de esse ser um dos polos de desenvolvimento em Almeida. Cada região terá que encontrar os seus "Almeidas" e as suas apostas estratégicas. Se a área envolvente for rica em medronheiros terá que ser adaptada uma destilaria para a produção de um medronho de excelência. Uma queijaria de cabra ou ovelha tem, obrigatoriamente, que marcar presença. "O queijo quer-se sem olhos e o pão com olhos" e esta máxima deve ser usada para nos abrir os olhos tornando estes locais privilegiados para uma degustação autêntica, inesquecíveis na arte de receber e no ambiente. Estas aldeias poderão ser uns verdadeiros condomínio de luxo, onde apeteça viver, pela ambiência e autenticidade que podem vir a criar, muito em especial nestes tempos conturbados em que algumas lógicas instituídas foram alteradas. A qualidade das comunicações, mais do que a qualidade das ligações  viárias,  serão fundamentais para o sucesso, divulgação e captação de públicos para estes projetos. Estes serão locais privilegiados para a implementação de fóruns investigação e discussão, em circulo restrito, que envolvam ciência, arte e cultura. Nesta época de eleições autárquicas temos sido chamados a opinar sobre o que fazer para o desenvolvimento do Mundo Rural. Os diagnósticos estão mais que feitos desde há muitos anos. A mim o que me move é realizar. Como recado diria que os autarcas destes territórios têm que acreditar nas suas gentes, no potencial da identidade dos seus territórios e não importar urbanidades formatadas para um todo.

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