quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Useless" ou "Top Less"? Experimenta...design


hanttula.com
O tema da 6ª edição da Bienal propõe um questionamento aprofundado da ideia de utilidade e do conceito de “sem uso”. Numa sociedade obcecada com a prossecução de objectivos tangíveis e o acumular de objectos, a ideia de não fazer nada é um absurdo. Pior: é política e socialmente incorrecto. A aparente — porque é disso que se trata — ausência de utilidade ou propósito parece ser hoje o equivalente secular do pecado. No entanto, o tempo passado à espera, a transitar de uma acção útil para a seguinte, não pára de crescer. Procuramos freneticamente preenchê-lo fazendo compras, comunicando sem parar, mantendo-nos – obsessivamente – ocupados. Qualquer coisa, tudo menos não fazer nada.

Se transitarmos para a esfera do design, a ideia de “sem uso” torna-se ainda mais complexa e falar de design inútil resulta num oximoro. O design deve responder a uma necessidade, solucionar um problema. Mas se prestarmos atenção, quantos dos objectos e projectos que nos rodeiam cumprem, efectivamente, o que prometem? Serão todos eles um desperdício de tempo e recursos? Muitos sê-lo-ão certamente, mas outros são tão necessários quanto o sono, esse tempo ocioso preenchido de sonhos.

No programa da EXD’11 a ideia — e juízo de valor subjacente — de inútil ou sem utilidade será examinada de diferentes perspectivas. Numa perspectiva económica, questiona os paradigmas da produção industrial, a inevitabilidade do consumo e as decorrentes problemáticas do desperdício e desenvolvimento sustentável. Numa perspectiva cultural, arrisca um olhar sobre a ética de trabalho do mundo Ocidental e do dogma da produtividade; numa perspectiva social, propõe-se questionar o equilíbrio precário entre percepções objectivas e subjectivas de “valor”, atribuídas a instituições, interacções ou até mesmo indivíduos. Do ponto de vista intelectual ou criativo, traça um perfil do potencial insuspeito — mas avassalador — de experiências, tentativas falhadas, protótipos abandonados e descobertas surpreendentes para as quais não foi, aparentemente, encontrada uma finalidade.

O programa da EXD’11 propõe reavaliar conceitos — e preconceitos — ligados à utilidade e sua ausência. A inutilidade, tal como a beleza, está nos olhos de quem vê; tal como o prazer puro, é desinteressada. Uma experiência inútil pode apaziguar ou exacerbar o desejo; pode levar- nos a usar menos ou, pelo contrário, a querer mais. Useless pode conduzir-nos à problemáticas concretas, de aplicabilidade e execução definidas, ou pode igualmente inspirar uma reflexão simbólica, quase lírica, sobre a importância de dimensões como a beleza, o sonho e a invenção.

Vem isto a propósito do quê? Hoje, não fazia ideia do que ia escrever nos cinco minutos que tinha. Abri os mails e tinha "uma provocação" do Prof. António Covas, Prof. da Universidade do Algarve e Coordenador Geral do Projecto de Querença a incentivar a ESAV a levar por diante um projecto piloto e que estava totalmente disponível para nos "ajudar". http://issuu.com/lcaracinha/docs/sumario_executivo . Hoje, começa também o Experimentadesign, com um título, no mínimo surpreendente "useless" e uma comunicação do bispo do Porto D. Clemente, prémio pessoa 2009, que acredito que seja tudo menos inútil. Eu não tenho dúvidas que o design pode desempenhar um papel "útil" no sucesso de muitos projectos sejam eles de que dimensão ou área temática forem. Normalmente as questões aparentemente mais simples, como esta,  são aquelas cujas respostas são mais difíceis e este limiar entre a utilidade/inutilidade, nos dias de hoje tem uma particular acuidade. Outra questão que tem a ver com sustentabilidade, é a utilidade a que preço? HOje num tempo em que os custos estão na ordem do dia a lógica é reduzir nos cargos de Top (Top less), sejam em escolas, juntas, câmaras e aí por diante. Melhor seria arranjar bons gestores em vez de cortar "a eito". Aliás achei graça, ontem ao dr.º Paulo Portas que dizia que não ia fazer cortes cegos, dando a ideia que alguém o está a fazer. Mas quem? Quem gere tem que ter essa exacta noção destas questões da utilidade, inutilidade, sustentabilidade, investimento e muito mais. Nós já andamos em "Top less" que é o mesmo que dizer ..."Patrão fora"...dia Santo na loja...! Acabaram os meus 5 min, agora vou testar os equipamentos da Roche,...antes que venha a polícia.

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