A Universidade do Algarve lançou um Projecto em Querença, Loulé, “Da Teoria à Acção – Empreender o Mundo Real” com intuito de inventar um novo futuro: esta é a mensagem deixada por este projecto em Querença, que reúne conhecimento, vontade de mudar e acção colectiva. O objectivo consiste em mostrar uma "luz de esperança" para inverter a tendência para o despovoamento do interior do Algarve. Um grupo de nove finalistas universitários seleccionados pela Universidade do Algarve apresentou-se na aldeia de Querença, concelho de Loulé. Aqui vão viver e trabalhar nos próximos nove meses, cada um com a sua missão. O objectivo global é dar nova vida a uma terra que está a definhar. À chegada a Querença, Marlene, uma das eleitas deparou-se com "um lugar tranquilo", que puxou pelas memórias de infância. O sino da igreja anuncia as 13h, quebra o silêncio e abafa o canto da cigarra. O calor aperta, os aldeões juntam-se no café da D. Rosa, a olhar os forasteiros. Chega uma equipa de reportagem da SIC para um "directo", as atenções, por momentos, viram-se para o carro de exteriores da televisão. "O facto de estarmos num sítio isolado não nos limita, dá-nos mais responsabilidade", diz o vice-reitor da Universidade do Algarve, Sérgio Jesus, no discurso de apresentação do projecto. É a primeira vez que esta instituição universitário põe "à prova" os conhecimentos dos alunos, num projecto que pretende contrariar a tendência para o despovoamento no interior. "Os desafios são grandes", reconhece António Covas, coordenador científico do projecto. Francisco Ferro, 27 anos, licenciou-se em Filosofia e em Engenharia Agronómica. Vem de Évora, prepara-se para recuperar hortas dos vales verdes da fonte da Benémola. "É preciso é ter abertura de espírito para ir de encontra às novas realidades", diz, destacando a singularidade deste território rural, encaixado entre o barrocal e a serra do Caldeirão. "Vamos trabalhar em equipa". Anseia-se pelo surgimento de iniciativas que levem alguns destes estudantes a desenvolverem a sua própria empresa na aldeia. É essa, também, a expectativa da Câmara de Loulé e da Fundação Manuel Viegas Guerreiro que, em conjunto com a Universidade do Algarve, apresentaram uma candidatura ao Instituto de Emprego e Formação Profissional, para dar corpo a esta ideia, que envolve diferentes áreas científicas. Luís Caracinha, 22 anos, licenciado em Design e Comunicação, acha que pode "ajudar a dar a volta" à forma como esta aldeia perto da serra se poderá ligar à "aldeia global" e aos milhares de consumidores que procuram produtos ecológicos. A colega, Sara Fernandes, que se licenciou em Restauração e Catering e está a fazer um mestrado em Marketing, já pensa em comercializar "tartes de frutos silvestres" e valorizar o património gastronómico. O padre Carlos Matos juntou-se aos jovens à hora do almoço e deixou uma sugestão: "Não se esqueçam dos pratos típicos". Um dos mais conhecidos é o guisado de galo velho. A visita à igreja ficou agendada para uma próxima oportunidade. Luís Caracinha, de Cuba, é membro de um conjunto de música erudita, Esfinge. Por isso, virou o ouvido quando o pároco disse que existe um coro da igreja e que no final dos ensaios "come-se uns bolinhos e bebe-se um licor", sugerindo que o licor, às vezes, pode ser trocado por medronho. Isto é do domínio “público” e foi publicado no público. Eu não sei o que está por detrás desta ideia “carnuda e sumarenta” como a baga do medronho. O que sei é que conheço Querença, o tal guisado de Galo velho, comido no centro da vila, o licor de farrobinha, bebido ao lado num ambiente requalificado sob ponto de vista arquitectónico, enquanto vagueava na busca da biodiversidade da alfarroba por aquelas bandas. Devo-o ao Eng. José Graça, um amigo, colega na Universidade do Algarve, na AIDA, actual vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, e ou muito me engano ou por detrás esta ideia está o seu pensamento, assertivo e pragmático que não embarca em lirismos. Este é um projecto para acompanhar com atenção e esperar que consiga almejar o sucesso. E quanto a nós?…não precisamos de reinventar a roda mas sabermos adaptarmos os projectos Premium às nossas realidades Beirãs, que não parecendo, têm muito em comum com o barrocal Algarvio. Afinal o nosso umbigo não é o centro do mundo!
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