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Sempre que recordo Aquilino Ribeiro vem-me à memória este excerto da Geografia sentimental...uma notável descrição do sentimento mais nobre que o homem pode ter...o passar o testemunho, o significado de família, o perpetuar a memória dos entes queridos!
"...Os castanheiros levam cem anos a chegar ao estado
adulto. Cem anos a crescer, cem no seu ser, e cem a morrer. Que importa? Os
homens de boa vontade perpetuam-se nos filhos e vindouros. Aqueles milhares de
castanheirinhos, não mais altos por ora do que uma espada, que se vêem baloiçar
à brisa da tarde quando se passa na orla sudeste, darão boa sombra, boa
castanha, bom lenho. Sob a copa frondosa dançarão, à semelhança dos avós lusos e
iberos, gerações mais felizes do que as actuais e nada famintas. A nossa
memória, a memória do bom regente que os semeou e todos os dias passeia por
eles um olhar de solicitude, tão indispensável como o oxigénio do ar ou da
água, sobreviverão lembradas ou implícitas em sua radiosa magnificência. Que
melhor galardão!?..."
A propósito tenho que pedir ao Celestino e à Tânia que me arranjem das suas castanhas, de Penedono, colhidas nos seus soutos, para saborear à lareira sob a luz da vela num "Castiçal", a provar o vinho novo e a jeropiga, e a lembrar-me de que são "fruto e labor" de quem as colheu.
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