Land Art – A arte sobre a arte
natural
Para muitos, a natureza não passa de um mundo abstracto,
escuro e sem segredos, para outros, é uma porta aberta, uma estrada sem
destino, uma descoberta constante onde o simbolismo e as conexões são infinitas.
É neste prisma que o artista plástico Mariano se enquadra, partilhando com toda
a comunidade da Escola Superior Agrária de Viseu na sua 19ª celebração um pouco
da sua visão futurista e naturalista.
Esta obra capta o lado selvagem presente no mundo natural, é
o cruzar de ideias e sentimentos que nos acompanham diariamente. Os fios que
tecem o tronco deslumbram o teorema de Pitágoras, são uma alusão aos fios que
nos prendem à vida, às nossas origens, à nossa ligação com a Natureza. Observa-se
uma simbiose perfeita entre dois “mundos” fundamentais, a matemática e o mundo
vegetal, que tudo conectam, desde os nossos ancestrais até ao futuro distante,
juntos, cumprem um código. Como alegoria ao teorema de Pitágoras, a hipotenusa seria
a Árvore, os humanos os catetos; desde sempre a Árvore é como uma barreira que
nos protege, ensina, fortalece e inspira, muitas vezes sem receber o devido
reconhecimento.
Os números formam um mundo perfeito, os números formam a
nossa própria biologia, e a arte, inscrita na natureza, traduz a diversidade de
pensamentos, de emoções, de criatividade e sensações. O mundo natural, que
sempre serviu de inspiração a muitos, é agora o palco para a obra, é a tela que
recebe aquilo que inspirou.
Esta amostra de madeira, pertencente a um carvalho-alvarinho
(Quercus robur) que por mais de dois
séculos figurou no coração da cidade de Viseu, actualmente denominado parque
Aquilino Ribeiro, cuja morte prematura e inconsciente ditou o fim de um
imponente reinado, é agora o cenário de uma obra criativa, cujo jogo de cores e
formas são uma homenagem à estrutura deste exemplar, irregular, singular,
irreverente e sábia.
É uma homenagem discreta, dado a dimensão e serviços
prestados por este carvalho, mas de enorme valor, é a criação de arte sobre a
arte natural, que juntas formam a impressão digital da Natureza. A mensagem,
essa está inerente, o futuro está na Natureza, nos produtos naturais, na
inovação, e na qualidade, nos saberes e sabores, na forma como se utilizam os
recursos esquecidos. Para a ESAV e alunos desta instituição este será o caminho
a seguir, não será fácil mas será o caminho do futuro ou melhor, este é o
presente e esta obra é a prova disso.
Davide Gaião – Ecologia e
Paisagismo, ESAV
Excelente..
ResponderEliminarExcelente..
ResponderEliminar