As árvores nos espaços urbanos e peri-urbanos, à semelhança de outros elementos vegetais, como arbustos e plantas herbáceas estão sujeitas a diversas condicionantes. Acontece que, enquanto outros elementos vegetais têm um período de longevidade curto, podendo ser substituídos ou renovados facilmente, as árvores levam tempo até atingiram a melhor expressão ornamental e funcional. Por essa razão, todas as agressões, danos e mutilações que se lhes sejam infligidas serão sempre mais gravosas para a sua sanidade e por vezes irreparáveis para a sua sobrevivência. Importa realçar a vocação que as espécies vegetais cumprem nestes espaços:
FUNÇÃO UTILITÁRIA, funcionando como barreiras físicas; servindo como regulador dos factores ambientais (radiação, Temperatura, Humidade relativa, Ventos, Ruídos, depuração do ar), permitindo a presença de várias espécies animais, em particular aves e insectos.
FUNÇÃO ORNAMENTAL, contribuindo para a naturalização do espaço, integrando paisagisticamente as construções existentes, enaltecendo ângulos interessantes e camuflando outros desfavoráveis, definindo espaços, criando escalas e impondo ritmos.
Não obstante da imagem de bondade que é associada à árvore, as vicissitudes que, mais tarde ou mais cedo, estas atravessam devem-se em grande medida à deficiente análise e projecção futura que determinado espaço vai ter após a sua criação. São incontáveis os casos de espaços mal ordenados e plantações mal dimensionadas, onde se irão quase sempre atropelar com infra-estruturas aéreas e subterrâneas. Acontece que, mais tarde ou mais cedo, se vão imputar às árvores um rol de malefícios (sujam as ruas durante a queda das folhas, fores e frutos; entopem canos e algerozes; escondem as fachadas das casas; rebentam e levantam passeios e asfalto; largam exsudações que corroem a pintura dos carros; provocam alergias por libertação de pólen; diminuem a visibilidade dos automobilistas; roubam luz às habitações provocando situações de insalubridade; atraem insectos nocivos; podem cair durante intempéries pondo em risco bens materiais e pessoas; etc.
É, por isso, que a implantação da árvore certa no local certo deverá depender de múltiplos factores, tais como:
CORRETA ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DO ESPAÇO de forma a proporcionar-lhe as melhores condições de desenvolvimento e de revelação da sua expressão ornamental;
SELEÇÃO JUDICIOSA DAS ESPÉCIES que melhor se adaptam à sua finalidade (árvores para arruamentos, para pracetas e alamedas, para áreas de recreio juvenil e infantil, etc.) entrando em linha de conta com a sua forma, dimensão, textura, densidade da folhagem, rapidez de crescimento, rusticidade, resistência aos factores de stress ambiental, problemas que algumas árvores acarretam para a saúde como casos de alergias.
PREVISÃO DE MEDIDAS DE PROTECÇÃO E CONTROLO daqueles espaços. O correcto planeamento, acompanhado de um apoio técnico adequado, deveria levar a que a escolha da árvore certa no local certo garantisse o melhor para ela, integrando-a num espaço e escala, e cumprindo também o fim a que se ambicionou aquando da sua instalação. Um caso muito particular da análise da árvore em espaço urbano prende-se com a integração que as vias de comunicação têm com a paisagem. Factor decisivo de desenvolvimento dos centros urbanos, os traçados e alargamento de estradas estão, naturalmente, sujeitos aos mais variados condicionamentos de ordem técnica e económica, não sendo por isso fácil antever o que futuramente poderá constituir um ponto de colisão entre a estrutura arbórea existente e a necessidade de criação ou requalificação de novas estradas ou arruamentos.
A AVALIAÇÃO DE ÁRVORES URBANAS com finalidade de supressão tem sido motivo de preocupação constante para os técnicos por envolver razões pessoais, o que muitas vezes, torna o processo subjectivo. De forma a chegar a uma decisão o menos subjectiva possível convém utilizar-se uma metodologia que se baseie em critérios para análise de um conjunto de parâmetros que podem determinar a supressão da(s) árvores(s) em causa. Embora as avaliações possam conter algumas características de ordem emocional, os parâmetros que colocam em risco a vida de pessoas devem ter peso decisivo sobre a permanência da(s) árvore(s). Em última instância a decisão sobre a supressão ou não de determinada árvore, ou conjunto de árvores, é sempre política baseando-se na conciliação entre as avaliações técnicas e as vontades em conflito.
Em relação ao caso concreto dos Aceres da rua das Ameias elaboramos em maio de 2012 o seguinte relatório:
Em relação ao primeiro Acer negundo do alinhamento, somos da opinião que esse exemplar deve ser abatido pelo fato de existir uma elevada probabilidade de poder ocorrer a queda dos ramos que, ainda apresentam uma dimensão considerável atendendo à dimensão da árvore e ao seu estado de fragilidade biomecânica, podendo por em causa a segurança dos transeuntes na via pública e alguns automóveis que estão sistematicamente estacionados sob a sua copa.
No caso do segundo exemplar, aconselhamos apenas uma monitorização da árvore, por aparentemente, não estarem em causa questões de segurança na via pública, pois apesar de apresentar algumas debilidades, para já, aparentemente, não colocam em risco a segurança na via pública. Contudo, este é um processo que irá evoluir desfavoravelmente e que necessita ser monitorizado para avaliar se há uma alteração drásticas das condições vigentes.
Em relação à questão das podas destas árvores, poderão ser avaliadas numa próxima época de poda, de forma a encontrar-se um compromisso entre proporcionar ensombramento para as esplanadas sem colocar em causa a segurança das pessoas, que se encontram sob os seus copados, procurando que os ramos não sejam demasiado compridos para a resistência que apresentam atendendo aos seus diâmetros. Esta é uma situação que deve ser discutida com os proprietários dos restaurantes localizados na área, para ser encontrado um compromisso entre promoção de lazer e a segurança e eles melhor que ninguém conhecem as características e limitações do local.
Agora estão a ser realizadas as ações de poda pela empresa Vibeiras, coordenadas por um antigo aluno da ESAV, o Alfredo que se tem mostrado um excelente colaborador da empresa, com capacidade de liderança e conhecimento técnico. É para nós professores um orgulho vermos plasmado nestes exemplos um pouco do esforço e dedicação de cada um de nós.
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