Fotos de José Luis Araújo
Com a sua anuência, Excelentíssima Secretária de Estado Adjunta
e da Justiça, Dr. Helena Mesquita Ribeiro, permita-me que dirija a primeira
palavra aos reclusos deste estabelecimento, mesmo que, por vezes, tenham
duvidado da minha palavra, hoje aqui estão presentes, numa cerimónia
inteiramente dedicada ao vosso esforço, labor, capacidade, engenho e, acima de
tudo, futuro.
À Exm.ª Sr.ª Secretária de Estado
Adjunta e da Justiça dizer o quanto é importante a sua presença, para fazer
mobilizar pessoas e meios para esta realização e para que possa ser dado o
devido eco em prol deste Estabelecimento Prisional, da sua direção, daqueles
que aqui trabalham e, acima de tudo, dos seus reclusos. Que este exemplo se
possa transpor para muitas outras instituições que terão tantos méritos como
esta, não só na área da justiça como da solidariedade social.
Acredite V. Ex.ª que tudo faremos
para respeitar a tradição Beirã de bem receber e, se alguma coisa for menos
bem, a culpa é exclusivamente minha, exatamente por não ser Beirão, apesar de
me sentir como sendo um entre Beirões.
Não tendo tido o prazer de conhecer
V. Ex.ª antes, não obstante eu também privilegiar a justiça, procurei conhecer
um pouco sobre o seu currículo (no sitio oficial do governo), não para tirar
“quaisquer nabos da púcara”, mas para encontrar eventualmente alguns pontos de
referência e procurar ser gentil na apresentação. Não vou cometer nenhuma
inconfidência, apenas direi que não vou dizer nem a minha idade nem o meu signo
e por aqui… paro!
Ao Subdiretor da Reinserção e dos Serviços Prisionais, Dr. Paulo Moimenta
de Carvalho dizer que é um enorme prazer poder recebê-lo nesta casa, que é
sua também, e em jeito de graça, dizer que eu por não ter o apelido “Carvalho”
no meu nome, para além do meu Curriculum não ser adequado, nunca poderei ocupar
qualquer lugar como Subdiretor geral de reinserção e serviços prisionais, pois
parece que esse é um dos requisitos. Sei que a vossa presença está intimamente ligada
à perspetiva de investimento nas obras deste estabelecimento. Também penso que
um Estado que investe em estabelecimentos prisionais parece que não quer ter
futuro, mas este é um caso de necessidade “gritante” e acredito que a verba que
vier aqui a ser investida terá o seu devido retorno e é também por isso que
estamos todos aqui hoje.
Ao Dr. António Almeida Henriques dizer que ambos somos aqui fregueses,
no Campo, e pedir-lhe que olhe para esta instituição como um centro de
referência do saber fazer e que canalize toda a sua diplomacia para ajudar
também esta instituição e as pessoas que aqui estão, dando-lhe uma perspetiva
de futuro. Esta mensagem é aliás para todos os que aqui estão presentes, com
mais ou menos responsabilidades políticas, económicas e sociais. Aproveito para
cumprimentar o presidente de Câmara de Penava do Castelo, Dr. Francisco Carvalho (que pelo apelido ainda pode aspirar a
subdiretor geral).
Ao Presidente do meu Instituto (IPV), Eng. Fernando Sebastião,
agradecer encarecidamente a sua presença numa ação promovida pelo projeto CARDOP
para conhecer um Projeto, que na perspetiva do Prof. Carlos Faro do Biocant, é
extraordinariamente atual combinando a vertente cientifica, cultural e social
numa abordagem verdadeiramente holística.
Agradecer ainda, de forma muito
sentida e amiga, a todos aqueles que quiseram estar aqui presentes e a todos
aqueles que gostariam de estar e pelas mais diversas razões não puderam vir.
Agradecer aos produtores de
Queijo Serra da Estrela e às organizações que os superintendem, Ancose e
Estrelacoop. Àqueles que estão presentes, mas a todos em particular, porque
hoje não estamos a privilegiar uns em detrimento de outros e isso é preciso que
fique bem frisado, mas estes acreditaram em nós desde o início. Hoje estão aqui
a Sabores e Ambientes (Bobadela - Oliveira do Hospital), a Casa da Ínsua (Insua
- Penalva do Castelo), Queijaria de Germil (Germil-Penalva do Castelo), Queijaria
Armindo (Cativelos Gouveia), Queijaria Lameiras (Oliveira do Hospital) e a Queijaria Quinta da Lapa (Vilar Seco-Nelas).
Eu imagino o embaraço, para uns,
e o gozo, para outros, que tiveram no argumento que usaram para declinarem
outros convites dizendo que “Não posso, porque a essa hora estou na prisão”.
Afirmo-vos com toda a certeza que este é um dos locais onde me sinto melhor e
onde eu e os cardos nos sentimos mais seguros, como se de um jardim se tratasse
(e que todos puderam testemunhar na visita). Há muitos amigos deste projeto que
se deslocaram centenas de quilómetros para aqui estarem presentes e outros mais
que lhes foi de todo impossível aqui estarem, mas que me deram motes
fantásticos para este discurso.
Há vários exemplos no País e no
Mundo de, por via da cultura, reconhecerem-se os talentos e capacidade a
reclusos e a Instituições prisionais, através da encenação de peças de teatro, operetas,
concertos de música, entre outras. Nós usamos a cultura, mas privilegiamos a
ciência e queremos mostrar a forma como os podemos ajudar, sabendo que recebemos
muito mais em troca do que aquilo que efetivamente vos damos.
Passa-se com esta instituição,
como se passa com outras, como a APPACDM-Viseu, com quem tanto prazer nos dá
podermos colaborar em sinergia e complementaridade. Julgo que a sociedade tem que
dar mais atenção às valências e competências que existem nestas instituições,
às quais se podem juntar os lares de idosos, que podem ser universidades do
saber adquirido e não depósitos de idosos, aos quais os ‘nuestros hermanos’,
apelidam de “mayores”, por alguma razão!
Eu queria começar por falar
daquilo que, na verdade, aqui nos traz, que é uma força e uma vontade humanas
incríveis que a sociedade não pode desperdiçar. Este exemplo tem paralelo com o
caso dos nossos alunos nas nossas escolas, institutos politécnicos e
universidades. São eles na verdade quem pode fazer a diferença, sabendo nós
professores motivá-los para os desafios do futuro, com base no mérito, na
excelência do criar e do fazer mas acima de tudo na ética e respeito pelo
outro.
Para que o exemplo possa resultar
em pleno, no sentido de valorizarmos as pessoas, escolhemos a planta mais
simples, aquela que é talvez a menos querida, menos exigente, e menos
subsidiada por isso a colocamos aqui neste estabelecimento, no local menos
fértil, e provarmos que é possível construir um cenário, não idílico, por causa
dos espinhos, mas “poças” a Rosa também tem espinhos e não deixa por isso de
ser a Flor de eleição que é, com direito a nome de filme e tudo. A rosa tem
dignidade para ser dada como nome de pessoas e nesse aspeto o cardo tem igual
dignidade, porque também tenho muitos aluno(a)s de apelido Cardoso.
Confesso que no início do projeto
CARDOP, algures em 2010, quando tivemos o primeiro “assalto” por via de uma
candidatura ao “PRODER”, no qual nos desviaram 80% do financiamento (temo que o
mesmo se possa vir a passar com os próximos financiamentos PDR 2020), nunca me
passou pela cabeça, que um dos seus capítulos mais importantes e singulares,
seria realizado num estabelecimento prisional, depois de passarmos pelos mais
diversos palcos e instituições, como Politécnicos, Universidades, Centros de
Investigação, Escolas Secundárias, Institutos de Solidariedade Social como a
APPACDM, Produtores de Queijo Serra da Estrela, Hotéis de luxo, como a Casa da
Ínsua, Congressos Nacionais e Mundiais na Itália na Argentina, onde sempre, com
orgulho, mencionamos todos os elementos e instituições de uma grande equipa,
onde o EP do Campo se inclui, não apenas em número mas em qualidade
técnico-científica e humana dos seus membros (eu aqui estou apenas a falar dos
outros!).
Pela capacidade e o know-how que existe nesta instituição, assumi
que não me podia “furtar” a mais esta responsabilidade, e tudo tentar fazer em
prol deste estabelecimento, dos seus responsáveis e, acima de tudo, dos seus
reclusos, para que possam ter o augúrio de sonhar com um futuro promissor,
depois de algum eventual lapso, que todos cometemos nas nossas vidas, mas que
apenas alguns chegam a pagar por via da tal justiça, cega, surda e muda… que
por vezes até devia mudar e não muda!
Mas hoje não é o momento de
crítica, mas o momento do futuro, não de promessas mas do fazer cumprir o
futuro. Cada um de nós, que tem o privilégio de poder estar aqui presente, independentemente
de ter maiores ou menores responsabilidades na sociedade, deve pensar para si
mesmo o que poderá fazer para o futuro destes homens (e mulheres!) e para toda
esta região, por via do cardo e do Queijo Serra da Estrela, em termos sociais, políticos,
económicos e culturais.
Que “portas” poderemos abrir, que
lobbys poderão ser criados, para que
tenhamos a noção que tudo tentamos fazer o que estava ao nosso alcance, sabendo
que não vamos mudar o mundo, mas que também “não mudemos apenas uma palha”.
Sei que temos congregado, muita
gente neste “bando”, muita gente boa, aliás muita dela já existia antes de aqui
chegarmos a lutar pelos propósitos destes territórios e em particular pelos
produtores do Queijo Serra da Estrela. Eu assumo a minha cota de
responsabilidade de não ter obtido os resultados que ambicionava para esta
altura, quer do ponto de vista científico quer do ponto de vista económico e
social.
Uma das causas, são as minhas
limitações, até na incapacidade de conseguir criar “pontes” com as altas
instâncias do poder político, regional e nacional. Curiosamente, nunca estive
ao lado de alguém com responsabilidade política na área da agricultura, nem um
diretor geral, quanto mais um excelentíssimo secretário de estado, não falando
de um excelso ministro. Hoje tenho o privilégio de, por via dos reclusos, ter
ambos na mesma mesa de honra, que não sendo da agricultura são da justiça, da
justiça entre os homens, o que ainda mais me agrada. Não pretendo que V:Ex.ªs
levem recados, até porque não são “pombos correio”, mas que percecionem e
interpretem bem as mensagens simples e simbólicas que hoje daqui podem levar.
Todos sabemos como devemos agir
para termos palco, e muito em particular em estabelecimento prisionais.
Seguramente que não vos preciso recordar os episódios recentes passados nos
motins no Brasil. Olhem para estes homens e pensem que cultivam plantas de
cardo para ofertar flores aos produtores do Queijo Serra da Estrela.
Temos a certeza que esta mensagem
não colhe os interesses da vulgar comunicação dita social. Mas que interessa! Enche-nos
a alma e agrada aos produtores e indiretamente aos apreciadores daquela que é
uma das sete maravilhas da gastronomia, que é o Queijo Serra da Estrela.
O cardo é um dos mais belos
exemplos que pode ser usado como elemento de estudo nas mais diversas áreas do
conhecimento, e que ajuda a explicar muitos dos fenómenos de evolução e
domesticação das plantas, desde o início da agricultura, e na forma como o
homem os conduziu e com que objetivos.
O cardo silvestre deu origem à
alcachofra e ao cardo cultivado que foram desenvolvidos com propósitos
diversos. A alcachofra cuja principal vocação é a produção de capítulos em
fresco é, hoje no mundo, uma das plantas mais usadas na gastronomia pela sua
excecional qualidade nutricional e nutracêutica, fazendo apologia a Hipócrates
“que o teu alimento seja o teu medicamento”.
O cardo cultivado tem aplicações
diversas, sendo a biomassa e o óleo as suas principais aplicações industriais.
Nunca ninguém se preocupou em domesticar o cardo com a vocação de produção de
flor criando plantas com arquiteturas apropriadas para a produção e recolha de
flores que tenham características bioquímicas exclusivas para a obtenção de
coagulantes vegetais de exceção.
Começamos a fazer há 7 anos, um
trabalho que normalmente leva décadas, e é com enorme regozijo que posso
afirmar, hoje aqui, que em relação às flores de cardo produzidas e colhidas
nesta instituição, são do melhor que existe no mundo e, com a experiência que
tenho em biodiversidade vegetal, que as plantas que existem aqui neste
estabelecimento, possuem arquiteturas, morfologias e valências bioquímicas que
eu julgava não serem possíveis atingir no cardo. Aqui estão como exemplo de
capacidade, tenacidade e não por obra do acaso.
Ainda estamos longe do final
desta história (mas não deste discurso!) e, que provavelmente muito em breve, deverá
passar a ter outros interlocutores, mas desde o início jurei que nunca poderia
ficar satisfeito em olhar apenas para a valorização da flor do cardo. Esta é
uma planta que se dá toda, desde a raiz, às flores e sementes.
Produz inulina na raiz, um
polissacárido com grandes benefícios para a saúde humana, nas folhas apresenta compostos
uns antimicrobianos, antifúngicos e anticancerígenos, outros, hepatoprotetores,
estimuladores da bílis, que controlam o teor de colesterol, as sementes
produzem um óleo com elevado teor oleico e linoleico e α-tocoferol, enfim um rol
infindável de valências e atributos.
Tudo isto já foi e continua a ser
transformado em produtos e conceitos que permitem que os meus alunos e colegas ganhem
prémio de inovação como foi o caso do CYNatura. Estamos com vários projetos em
curso com vários colegas de diversas instituições da região, de Portugal e do
mundo. Mas nesta vertente começamos com os do IPV, nas áreas do ambiente e das
madeiras, mas podemos e devemos ir à saúde, à educação, enfim a todas a todas
as escolas do IPV. Eu acredito que o cardo poderá fazer parte dos carros do
futuro e até da aeronáutica espacial, mas não poderá deixar de fazer parte dos
elementos mais simples que se traduzirão em peças da mais requintada cultura e
design relacionados com o QSE.
E ainda não falamos, em concreto,
daquilo que aqui nos trouxe que foram as flores do cardo e que são estudadas em
Portugal há mais de 30 anos por uma equipa liderada pelo Prof. Doutor Euclides
Pires, muito bem secundado por outros brilhantes investigadores e que posso
afirmar que o cardo foi um dos pilares estratégicos que permitiram a construção
do maior Parque Biotecnológico Em Portugal, o Biocant. Também na região, muito
antes de mim a ESAV e a DRPACentro no Tojal Mau, fizeram um trabalho notável já
na altura em parceira com o grupo da Universidade e do Instituto Politécnico de
Coimbra.
O trabalho que temos feito na
região e que terá que ser continuado, muito se deve à nossa atual ligação com a
Universidade Católica e em particular com a Prof. Doutora Marlene Barros, que
fez parte desse grupo inicial da Universidade de Coimbra e que o seu know-how constitui hoje uma enorme
mais-valia para a região e para o QSE, em particular no que às enzimas das flores
de cardo, ditas cardosinas, se concerne.
Há estruturas como a Ancose e a
Estrelacoop que são referência na região neste setor do QSE e que precisam
cumprir todos os dias os propósitos para a qual foram criadas. Surgem novos
produtores, e há os que já estão cá há décadas a produzir. Nem uns nem outros
têm o futuro assegurado, porque este é um dos setores mais difíceis, é o da
mais pura Biotecnologia, que mescla leite cru de ovelha Serra da Estrela,
enzimas proteolíticas e processos de maturação com dinâmicas microbiana e
bioquímicas excecionais.
Há dois atores com os quais tenho
uma relação de grande proximidade, com quem tenho aprendido quase tudo o que
vou sabendo neste setor, que são o João Madanelo e o José Matias e personifico
neles toda a excelência dos produtores da região, dizendo que estamos
disponíveis para os ajudar a todos sem exceção e que infelizmente não podemos
dar nada por garantido e que temos que todos os dias procurar fazer mais e
melhor. Estes senhores são dois únicos e aquilo que hoje é o QSE muito a eles se
deve, com certeza a muitos outros também, dos quais alguns estão hoje aqui
representados e muitos outros que por acaso aqui não estão e não é por isso que
são menos importantes para o futuro do setor.
Mas o momento que hoje criamos de
uma forma simples mas simbólica, só foi possível pela disponibilidade
inexcedível de pessoas, sensíveis, não ao meu apelo, mas a causas como esta, e
que entraram nesta nossa “quadrilha” ou “bando” (porque somos tantos) por serem
muito especiais e a quem nós pedimos muito e eles dão-nos tudo. Não posso
deixar de fazer alguns agradecimentos muito particulares. Aos produtores de
Queijo Serra da Estrela Sabores e Ambientes, Casa da Insua, Queijaria de
Germil, Queijaria Armindo, Queijaria Quinta da Lapa, aos Chefs, Paulo Cardoso
que não aparece apenas em estrelas Michelin mas que é uma estrela que a mim
sempre me guiou e aos seus formando do Instituto de emprego e Formação
Profissional, ao Chef Eurico da Quinta dos Compadres e a todo o seu staff que
possibilitaram esta realização com uma logística muito complexa, à CVRDão,
UDACA, Ervital e Fumeiros Terras do Demo a todos lhes ficarei eternamente grato
em nome deste Estabelecimento e da minha Escola. Uma referência ao Dr. Victor
Gomes, Administrador Executivo da Caixa de Crédito Agrícola do Vale do Dão e
Alto Vouga, que sempre acreditou no projeto a ponto de fazer incluir numa das
edições da revista do Banco CA um reportagem sobre a participação de reclusos e
formandos da APPACDM na plantação de um campo de cardos no Hotel de Luxo casa
da Insua.
Ao Dr. Paulo Medeiros que, tem
sido desde sempre, o responsável pela imagem do CARDOP, bem como aos serviços
de comunicação, cultura e relações externas do IPV, dr. Jorge Alves, Joel, dr.
Joaquim Amaral e à Presidência do IPV. Á Escola Superior Agrária de Viseu,
designadamente ao Seu Presidente e a todo o restante elenco, À Presidente do Conselho
científico e aos seus conselheiros, aos colegas, funcionários e muito em
especial aos alunos da ESAV.
Aproximam-se o rol de feiras de
Queijo Serra da Estrela, que se realizam um pouco por todo os 300 000 ha
do território de Denominação de Origem Protegida (DOP), aliás uma marca que é
uma garantia que o queijo vem de onde diz vir e que é laborado nos devidos
moldes e para isso existe uma fiscalização. Vão novamente aparecer as afamadas
“Festas” que entretêm o povo e pagam os vícios da comunicação, numa lógica que
se replica anualmente, sem grande inspiração e vontade de mudança. Concluir
dizendo que o setor do Queijo Serra da Estrela, não se esgota nos mais 15
milhões de euros que gera e nas 3200 famílias que emprega, distribuídas por uma
vasto território da DOP que ajuda a manter as pessoas dispersas por estes territórios
de baixa densidade. Pela complexidade técnica envolvida, não vou abordar a famigerada
questão da aplicação do Regulamento (CE) Nº1332/2008 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 16 de dezembro de 2008, relativo à produção do Queijo Serra da
Estrela DOP e outros Queijos Portugueses que utilizam flor de Cardo enquanto
ingrediente.
Em resumo de tudo, Sendo este um
produto de raiz tradicional que assenta na memória e saberes empíricos de uma
região e das suas gentes, sem abdicar da sua identidade, deve lançar-se à
conquista de mercados globais suportadas por serviços e tecnologias inovadoras,
não apenas ao nível da produção mas também das suas ferramentas que hoje se
alicerçam em know-how científico de base muito alargada mas inteiramente
sinérgico e complementar. Lanço aqui o repto de candidatar o QSE a património
cultural imaterial da humanidade e assumo-me como o seu primeiro subscritor
como uma forma de pressionar a Comissão Europeia para se manter a utilização da
flor de cardo a sua laboração e as raízes culturais que foram provadas e estão
provadas por tanta humanidade tão diversa na escala do tempo sem paralelo na
geografia.
Um enorme Bem-haja a todos por
esta oportunidade de enaltecermos este Estabelecimento Prisional no seu todo, o
cardo e o Queijo Serra da Estrela!